O Mistério Pascal
« Cristo, o nosso Cordeiro Pascal foi imolado. Portanto, celebremos a festa» (1Cor 5,7-8). A Páscoa é uma pessoa: JESUS CRISTO. Ele é o cumprimento de todas as promessas feitas aos pais da primeira Aliança. Nele, através do seu livre « sim » à vontade do Pai, a humanidade foi elevada à categoria de povo de Deus: a festa de Cristo, ou a festa que Cristo celebrou entre os homens e mulheres é fiel à vontade do Pai.
A « festa Cristo » obedece a todas as regras da festa do ser humano, por causa do princípio fundamental da Encarnação, porém a aperfeiçoa. A festa da « Festa Cristo » por excelência é a solenidade da Páscoa, a ocorrência anual, o centro de toda a vida cristã. «Mais uma vez é Páscoa e alegria, meus irmãos, escreve Santo Atanásio, mais uma vez o Senhor nos conduziu a este tempo para que, alimentados, como de costume, com sua palavra, celebremos a festa como convém. Aguardamos com alegria esta celebração celestial junto com os santos, pois eles já preanunciaram esta solenidade e nos precederam pelo exemplo de sua vida vivida em Cristo».
A sequência de Páscoa deste belo dia leva-nos a irromper com alegria e gritos de júbilo: “Cantai, cristãos, afinal: SALVE Ó VÍTIMA PASCAL! Cristo Ressuscitado. Ressuscitou de verdade”! Todas as experiências de morte, perseguição, intolerância, violências, maldades, injustiças, tristezas e tantas situações sociais, religiosas e econômicas degradantes desta “mudança de época” são iluminadas pela certeza da vida que vence a morte como nos lembra o canto da proclamação da páscoa no sábado santo: “Ó noite de alegria verdadeira”. Verdadeira Primavera espiritual, este ‘tempo sagrado é, por excelência, o tempo da alegria cristã.
São Jerônimo no ano 392 na sua Homilia da Páscoa disse: “O dia de hoje é a mãe de todos os dias. O domingo é o dia da Ressurreição, é o dia dos cristãos, é o nosso dia. Hoje nascem o sol da justiça, a luz do mundo, a salvação da humanidade, a fonte da vida eterna. Somos irmãos e irmãs, portadores desta certeza que os séculos não desvaneceram. Somos mensageiros deste anúncio pascal. Somos fermento de um mundo novo. Somos um povo que pelo batismo mergulhou na morte com Cristo e com Ele ressuscitou para a vida. Somos um Povo pascal. A certeza e o anúncio do Ressuscitado centra-nos sempre e celebram-se, por excelência, na Eucaristia. A Igreja celebra o sacrifício eucarístico obedecendo ao mandato de Cristo, a partir da experiência do Ressuscitado e da efusão do Espírito Santo. Por este motivo, a comunidade cristã, desde os seus primórdios, reúne-se para a fração do pão (fractio panis) no dia do Senhor”.
Da Páscoa anual nasce a Páscoa semanal, o domingo. Não se trata de uma Páscoa reduzida, em miniatura, mas o domingo é, precisamente, aquele dia feito pelo Senhor, por isso somos convidados pelo salmista: « alegremo-nos e Nele exultemos » (Sl 117,24). O domingo torna-se o coração da semana e do ano litúrgico, dele e para ele se direcionam todos os tempos. O domingo é o próprio Cristo ressuscitado, primeiro e último, primeiro e oitavo, Alfa e Ômega. É o dia símbolo da fé cristã. O dia em que Cristo ressuscitou dos mortos, o domingo, é também o primeiro dia da semana. A Eucaristia constitui assim para a Igreja a fonte que sacia a nossa sede e o banquete que alimenta a nossa fome. É na Eucaristia e no testemunho eucarístico dos cristãos que este anúncio pascal se torna fermento novo de transformação e salvação para o mundo e sinal de esperança e de otimismo.
O Tempo pascal é também tempo de esperança. Os cinquenta dias da celebração pascal são uma celebração antecipada dos bens do Céu, do tempo de alegria, que virá depois, do tempo do repouso, da felicidade e da vida eterna. Hoje cantamos o Aleluia pelo caminho; amanhã será o Aleluia da prática. (São Agostinho)
Padre Othon Etienne, spsj